segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Surpresa... ou não...
Foi com uma profunda insatisfação
e desagrado que recebi a notícia, à umas semanas atrás, de que mais uma vez não
foram aprovadas novas leis no âmbito da taxação de produtos alimentares ricos
em gordura, sal e açúcar. Sinceramente, é surpreendente como o nosso Governo
português se preocupa tanto em diminuir as despesas nacionais, com cortes ao
nível do ensino, saúde, pensionistas, etc, etc e não se preocupe com os custos
avultadíssimos que doenças crónicas como a obesidade, diabetes mellitus,
hipertensão, síndrome metabólica, entre outras exercem sobre o Serviço Nacional
de Saúde. Foquemo-nos na obesidade consequência, na maioria dos casos, de maus
hábitos alimentares e do excesso de sedentarismo. Atualmente afeta 15% da
população portuguesa, sendo que o excesso de peso já atingiu os 50%. Esta
patologia contribui com 2 a 7% dos custos totais da saúde, parece pouco… mas
não é… Muito menos quando se adicionam os contributos das outras doenças atrás
referidas, uma vez que raramente a obesidade aparece isoladamente. O preço dos
alimentos é um factor determinante no processo de seleção e consumo, e muitas
vezes produtos ricos em açúcar, gordura e sal (apaladados e apelativos)
tornam-se muito mais tentadores comparativamente a frutas e vegetais em
natureza. Seria portanto pertinente reavaliar as políticas, presentemente
inexistentes, relativas aos preços dos alimentos altamente processados e
nutricionalmente mais pobres, incentivando, ao mesmo tempo, a agricultura
nacional e a comercialização de produtos naturais, ou pouco processados, e
nutricionalmente muito ricos. A taxação de alimentos pouco saudáveis
contribuirá para uma menor ingestão destes produtos, aumentando em
contrapartida a ingestão de alimentos ricos do ponto de vista nutricional e
favorecendo, assim, a diminuição dos índices de obesidade e todos os efeitos
negativos que esta doença acarreta para a sociedade.
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