sexta-feira, 6 de junho de 2014

O que de mim não sabes...

“Não busco n'esta vida glória ou fama:
Das turbas que me importa o vão ruído?
Hoje, deus... e amanhã, já esquecido
Como esquece o clarão de extinta chama!

Foco incerto, que a luz já mal derrama,
Tal é essa ventura: eco perdido,
Quanto mais se chamou, mais escondido
Ficou inerte e mudo à voz que o chama.

D'essa coroa é cada flor um engano,
É miragem em nuvem ilusória,
É mote vão de fabuloso arcano.

Mas coroa-me tu: na fronte inglória
Cinge-me tu o louro soberano...
Verás, verás então se amo essa glória!”

Antero de Quental

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