Passemos à prática. É de senso comum que a maioria dos
acidentes rodoviários é provocada pelo excesso do consumo de álcool, que muitos
dos casos de violência doméstica são o resultado de dependências, nomeadamente
do álcool e que este mesmo álcool, protagonista de muitas refeições, é o grande
responsável por destruições sociais, familiares e individuais.
O excesso de consumo de etanol, como é designado no mundo
científico, é um grave problema presente em muitos países dentro dos quais
Portugal. Mesmo que as suas consequências não atinjam níveis tão drásticos como
violência ou mortes, não significa que eles não existam e não deixem as suas marcas.
Então, fará sentido as marcas de bebidas alcoólicas continuem a ser uma das
maiores empresas patrocinadoras de clubes, eventos ou atividades desportivas? Isto
é contraditório em vários aspetos. Ponto número um, os atletas supostamente nem
podem ingerir álcool. Ponto número dois, se a publicidade televisiva a bebidas alcoólicas
não passa a qualquer hora, de forma a evitar a exposição de menores ao marketing
deste tipo de produtos, porque motivo ninguém se preocupa que estes patrocinem
eventos desportivos quando a sua assistência inclui uma grande percentagem de
crianças e adolescentes? Pela mesma ordem de ideias farão sentido os anúncios publicitários
explícitos a estes produtos nos outdoors
ou outros meios impressos? Terão as letras minúsculas “Beba com moderação” um
efeito real, ou serão como as bulas dos medicamentos? As recomendações são de
dois copos de vinho por dia para homens (ou seja 250ml) e um para mulheres, quem cumpre? Fará
sentido que entidades como a Federação Portuguesa de Futebol, que tem um forte
impacto na sociedade, em especial nos mais novos, continuem a usar nos seus
equipamentos o logótipo destas marcas. Porque não começarem a pensar noutros
patrocínios, por exemplo água, fundamental à vida, ou mesmo noutras marcas de géneros
alimentícios. Será que as atuais marcas irão mesmo à falência caso deixem de patrocinar
estes eventos? Se sim, como sobrevivem então os outros operadores económicos atualmente?