Foi
um momento
O
em que pousaste
Sobre
o meu braço,
Num
movimento
Mais
de cansaço
Que
pensamento,
A
tua mão
E
a retiraste.
Senti
ou não?
Não
sei. Mas lembro
E
sinto ainda
Qualquer
memória
Fixa
e corpórea
Onde
pousaste
A
mão que teve
Qualquer
sentido
Incompreendido,
Mas
tão de leve!...
Tudo
isto é nada,
Mas
numa estrada
Como
é a vida
Há
muita coisa
Incompreendida...
Sei
eu se quando
A
tua mão
Senti
pousando
Sobre
o meu braço,
E
um pouco, um pouco,
No
coração,
Não
houve um ritmo
Novo
no espaço?
Como
se tu,
Sem
o querer,
Em
mim tocasses
Para
dizer
Qualquer
mistério,
Súbito
e etéreo,
Que
nem soubesses
Que
tinha ser.
Assim
a brisa
Nos
ramos diz
Sem
o saber
Uma
imprecisa
Coisa
feliz.
Fernando Pessoa